quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Brasil, ainda laico, pressionado à conversão

Muito me preocupa o fato de gigantescas correntes evangélicas se enredarem por entre as várias áreas da sociedade brasileira. Obviamete, todos temos o direito de exercer e demonstrar as nossas crenças e manifestações religiosas, entretanto, devemos lembrar do tal livre arbítrio, tão citados nas escrituras ditas sacras.
É fato que estamos nos aproximando cada vez mais do fundamentalismo e isso é deprimente. Religiões possuem naturalmente seus dogmas, aplicáveis aos seus seguidores (e só aos seus seguidores). Não se pode imputar alguém a acatar normas de uma cultura (sim, religião é cultura) que não é a sua.
A bancada evangélica na política só cresce e vemos, nas defesas dos seus discursos nas casas públicas, o argumento religioso (com direito a citação bíblica). Ora, não é o Brasil um estado laico? Não é inconstitucional defender questões judiciárias, executivas ou legislativas sob a égide de uma bandeira religiosa?
Muitas vezes os sacerdotes solicitam (leia-se exigem) dizimos, contribuições (seja qual nome for) em dinheiro, chegando a dizer, em pura manipulação, que se a pessoa só tiver o dinheiro do pão, que dê à instituição, pois a fé o ressarcirá! Gatunamente manipulando as escrituras, convencem a centenas e milhares a doar tudo que tem, criando assim, verdadeiros impérios televisivos, radiofônicos e imobiliários, muitas vezes sem declaração de imposto, tendo origem duvidosa. Essa rede de extorsão travestida de pedido nunca cessa. Se escora em falsos testemunhos, reuniões secretas sobre como "receber dinheiro" e profecias fajutas já deixou muitas pessoas à míngua, enquanto o império tentacular só cresce. Como golpe seguinte, vem a venda de sabonetes limpadores de alma, flores e galhos milagrosos, cinza da fogueira santa e areia do Sinai, entre muitos... tal qual a simonia praticada pela Igreja Católica na Idade Média.
Muitas vezes há segregação familiar, pois se parte da família se converte, é convencida de que é melhor (mais pura ou santa) que a parte "mundana" (leia-se suja) da família. A teia de afinidades, então, é minada aos poucos, até que desparece. Dá-se então a chuva de críticas, julgamentos e condenações no seio familiar, tal qual: "Você vai para o inferno se continuar assim", acompanhado a um blasè complexo de superioridade. Então começa o frenesi de orar alto (perturbação da ordem) para exibir aos outros que está orando (qual outra justificaticva já que Deus não é surdo?), seguido com o embolar da língua, no que chamam de língua dos anjos.
Não dá para compreender como alguém, no ápice de sua empolgação da fé, deixe de enxergar que o outro não é a extensão de si e muitas vezes grite, brigue e esperneie contra outra pessoa por essa não concordar com seus dogmas. Quem de nós nunca foi importunado por um fanático religioso que, ao discordarmos dele, chegou a dizer que a única verdade é a que ele professa e que estamos enganados, e tenta, enfadonhamente, nos convencer. Nessa hora, olhamos o relógio, inventamos compromissos ou acionamos uma chamada falsa no celular. Desespero!
Existe mesmo uma única verdade aplicável a todos os seres humanos? O que serve para mim, serve para todos? Vamos pensar nisso e refletir se estamos assim tão distantes dos homens-bomba que se explodem em nome de uma linha religiosa. Manipular o regimento de um país em nome de uma única crença é grave! Onde ficam os espíritas? Os Hare Krsna? Os Budistas? Os Xintoístas? Os  Candomblecistas? Umbandistas? Indígenas? Judeus? Muçulmanos, e todos os outros? São estes menos merecedores de assistência política em uma nação? Só devem ser assistidos se convertidos a uma religião dita majoritária? Isso é Deus? Monopólio ideológico em várias áreas (política, mídias, entre outras...) com fins lucrativos é estar a serviço de Deus? O dinheiro é Deus?
Como sempre, lanço mais perguntas que respostas, mas ora... esse é o objetivo! Refletir!

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