A minha pergunta de um milhão de dólares da semana é: a vida alheia incomoda ou a grama do vizinho é sempre mais verde? Analisando o péssimo e constrangedor hábito de tomar parte da vida dos outros, estimulado pelos realities shows, me pus, em uma bela noite de trabalho, a me perguntar: os olhos apontam para o lado para criticar ou invejar?
Cada vez mais as pessoas impulsionam-se a opinar, questionar e fazer verdadeiras coberturas jornalísticas acerca de fatos e especulações que permeiam a existência da celebridade, do vizinho, colega de trabalho ou familiar. Será que fulano é gay? Quanto será que ela ganha? Cicrano “tá” é tomando um belo par de chifres... a questão é que além de cuidar da vida dos outros, as pessoas acabam esquecendo de viver as suas próprias, num estado de voyeurismo profundo e doentio.
Como se não bastasse ter de lidar com esses binóculos apontados de ângulos inimagináveis, ainda nos preocupamos medíocre e hipocritamente com o que vão pensar de nós, sem dar-nos conta de que o burburinho reverbera com ou sem motivo. Chega-se ao ponto até de tolher a própria felicidade e a qualidade de vida para corresponder a convenções sociais, que mais parecem verdadeiros presídios ideológicos.
Então, cada vez mais infelizes por tentar controlar nossas características humanas, tentando uma fajuta verossimilhança divina, completamos o ciclo observando o observador e nos questionando: será que a grama dele é mais verde que a minha?
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